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Helena Sacadura Cabral

Helena Sacadura Cabral

A LINGUAGEM DO SILÊNCIO

O silêncio, muitas vezes visto como ausência de som, é, na verdade, uma forma poderosa de comunicação. Ele fala onde as palavras falham, revela o que o discurso tenta esconder e expressa sentimentos que a voz não alcança. A linguagem do silêncio é universal: atravessa fronteiras, culturas e épocas, sendo compreendida por todos, ainda que de maneiras diferentes.

Em certas situações, o silêncio é respeito — diante da dor, da morte ou de uma revelação profunda. Em outras, é protesto — quando a palavra seria inútil ou seria abafada pelo ruído da incompreensão. Pode ser também cumplicidade, como o olhar silencioso que une dois amigos, ou amor, como o gesto tranquilo que diz mais que mil declarações.

No entanto, o silêncio também pode ser opressão. Há silêncios impostos, nascidos do medo, da censura ou da indiferença. Nesses casos, ele deixa de ser escolha e torna-se prisão, um espaço onde a voz humana é negada. É preciso, então, aprender a distinguir o silêncio que comunica, do silêncio que cala.

Saber usar o silêncio é uma arte. Ele exige sensibilidade e escuta atenta. Num mundo saturado de ruídos e opiniões, o silêncio pode ser um refúgio, uma pausa necessária para que o pensamento floresça. É nele que as palavras ganham sentido, pois é o silêncio que as antecede e as sucede.

Assim, compreender a linguagem do silêncio é compreender a essência da comunicação humana. Porque nem sempre é o que se diz que importa — mas o que se cala, e como se cala.

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publicado às 15:52

EU NA A NOSSA TARDE

 Ontem, fui uma vez mais, à "NOSSA TARDE", a convite da Tânia, que considero - com a Cristina - das apresentadoras que mais me estimam. Embora tivéssemos falado muito, sobre o meu ultimo livro, TALVEZ UM DIA..., a alegria e o riso acaba sempre por ser o tom das nossas conversas. Foi muito bom, e acabámos, como não podia deixar de ser, com aquele abraço risonho, com que sempre terminam os nossos encontros. Até breve!

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publicado às 13:09

ENTRE O AGORA E O AMANHÃ

Entre o agora e o amanhã existe um espaço invisível —
um sopro breve, um silêncio cheio de possibilidades.
É ali que o tempo se curva, que os sonhos respiram,
que as escolhas ainda não feitas esperam por coragem.

O agora é o chão firme, o instante que pulsa nas mãos.
É o que temos, o que somos, o que podemos tocar.
Mas o amanhã — ah, o amanhã — é o horizonte que nos chama,
feito de promessas e incertezas, de medos e esperanças.

Entre um e outro, vive o que realmente importa:
a ponte que construímos com gestos, palavras e intenções.
Porque o futuro não nasce do nada —
ele floresce das sementes que plantamos no presente.

Viver, então, é aprender a equilibrar-se nesse intervalo:
sem se perder nas lembranças do ontem,
sem se afogar na ansiedade do que virá.
É dançar no fio do tempo, com os olhos abertos para o instante,
e o coração voltado para o que ainda pode ser.

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publicado às 22:22

O QUE PODIA TER SIDO…

Há coisas que ficam suspensas no tempo, como se tivessem parado na beira de um talvez. São sonhos que chegaram perto demais da realidade, mas recuaram um passo, antes de se tornarem verdade. Histórias que tinham tudo para acontecer, mas escolheram o silêncio em vez da continuidade.

O que podia ter sido e não foi carrega um tipo de beleza melancólica. É o perfume de uma flor que nunca abriu, o eco de uma música que mal começou. Às vezes é um amor que não amadureceu, uma palavra que ficou presa na garganta, uma oportunidade que passou sem avisar.

Mas talvez o que não foi também ensine — ensine a desejar com mais coragem, a não deixar o medo decidir, a entender que nem toda ausência é perda. Há caminhos que não seguimos, e mesmo assim, eles nos moldam.

O que podia ter sido e não foi continua vivendo dentro de nós, em forma de lembrança, arrependimento ou sabedoria. É o espaço onde o tempo não tocou, o espelho do que poderíamos ter sido — e, ainda assim, não fomos.

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publicado às 23:30

Cada uma das minhas rugas conta uma história

Cada ruga no meu rosto é uma linha do tempo gravada pela vida.
Não são marcas do tempo que passou, mas das emoções que vivi.
Há rugas que nasceram do riso — testemunhas dos dias em que a alegria transbordou. Outras vieram das lágrimas, da dor silenciosa que também me ensinou a ser forte.

Cada traço guarda um momento: uma conquista, uma perda, um amor, um recomeço.
São mapas da minha jornada, sinais de que vivi intensamente, de que senti profundamente.
Não há nelas vaidade, há verdade.
Não há nelas idade, há sabedoria.

Se o tempo quis deixar lembranças na minha pele, que assim seja.
Prefiro um rosto com histórias do que um espelho sem memória.
Porque cada ruga é uma prova de que eu estive aqui —
e que, em cada fase da vida, eu fui inteira.

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publicado às 15:29

O drama da alma elegante em corpo que não coopera

O texto de hoje é dedicado ao Luís Osório, por causa de um delicioso post seu sobre a problemática do vestuário. Espero que ele se ria, como eu me ri com o seu!

Há pessoas que nasceram para o luxo. Todos as vemos: vestem um blazer e, de repente, parece que vão assinar um contrato milionário. Já outras... vestem o mesmo blazer e parecem ter fugido de uma reunião para que não entenderam o motivo de ter sido chamadas.

É uma injustiça da natureza: a roupa chique deveria elevar todo mundo, mas às vezes ela só nos entrega um ar de “fui obrigada”. A calça de alfaiataria, por exemplo, em uns transmite poder; em outros, parece uniforme de estagiário de buffet.

E o sapato social? Ah, o sapato social tem o dom de transformar qualquer pessoa comum, em alguém que anda como se o chão estivesse cheio de ovos. A elegância fica no salto, mas a dignidade escorrega.

Há quem diga que “a roupa faz o homem”. Mentira. A roupa tenta, mas o corpo, a postura e o olhar de quem preferia estar de jean, denunciam a farsa. Há gente que veste blazer, mas o espírito continua de chinelo.

Mas tudo bem, porque o mundo precisa tanto dos que brilham no smoking, quanto dos que dominam a arte dos jeans confortável. Nem todo herói usa capa. Alguns só usam o casaco coçado de confiança!

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publicado às 19:13

Cozido à portuguesa: como nasceu e se tornou nosso

Não é uma metáfora da política portuguesa. Mas podia ser. É muito, muito, melhor!

O cozido à portuguesa é, mais do que um prato, uma celebração da diversidade e da alma da cozinha lusitana. Reúne, num só tacho, carnes, enchidos, legumes e sabores que contam a história de Portugal — um país que sempre soube aproveitar o que a terra e o gado lhe ofereciam.

As suas origens perdem-se no tempo. O cozido é uma herança camponesa, nascida da necessidade de aproveitar todos os ingredientes disponíveis, sem desperdício. Em tempos antigos, as famílias juntavam num mesmo pote os restos de carnes salgadas, enchidos feitos nas matanças, e legumes da horta — couves, nabos, cenouras, batatas — deixando tudo cozinhar lentamente. O resultado era um prato rico, nutritivo e partilhado à mesa, símbolo de união e fartura.

Com o passar dos séculos, o cozido foi-se refinando e ganhou lugar de destaque na gastronomia nacional. Hoje, cada região tem a sua versão: o cozido das Furnas, nos Açores, que se cozinha lentamente no calor vulcânico da terra; o cozido à moda do Minho, mais leve e com enchidos fumados; ou o cozido beirão, robusto e generoso. Apesar das diferenças, a essência é sempre a mesma — a harmonia entre ingredientes simples e o sabor profundo do tempo e da tradição.

O que torna o cozido “nosso” é exatamente isso: a capacidade de representar Portugal num prato. É uma receita que reflete o espírito do povo português — criativo, acolhedor e capaz de transformar o que tem, em algo extraordinário. Servido em domingos de família, festas ou almoços demorados, o cozido à portuguesa é um ritual de partilha, conversa e memória.

Hoje, mesmo nas cozinhas modernas, ele resiste como um símbolo de identidade nacional, um lembrete de que as nossas raízes estão tanto no sabor como na história.

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publicado às 20:22

DESCER NEM SEMPRE É MAU!

Domingo, fui com uma amiga almoçar a um restaurante simpático, junto ao rio, que só serve peixe. O empregado que nos recebeu, para além de nos chamar de “belas senhoras”, rodeou-nos de toda a atenção, explicando com pormenor, o que havia de melhor para comer.

Depois de algumas dúvidas nossas, perante tão detalhada descrição do cardápio, eu escolhi uma coisa levezinha – não quero aumentar o meu volume físico – e a minha amiga, que por hábito não janta, escolheu um belo peixe grelhado.

Porque conto isto? Porque o dito empregado, a certa altura, mencionou algo que me impressionou. “Sabem, eu já estive como chefe de sala num dos nossos outros restaurantes. Mas não estava feliz, sentia-me empertigado a receber as pessoas com “ar de dono”.

Um dia, disse para mim próprio, que o que eu gostava, mesmo, era de ser empregado de mesa, de girar pelas pessoas, conversar com elas e de as ajudar a escolher o repasto”. Desci de posição mas, agora, estou contente, aqui a falar convosco!

Quando saímos perguntei à minha amiga – uma ex-gestora de top de uma das nossas maiores empresas –, se ela dera pela lição. Rimos as duas. De facto, o fato não faz o homem, e quem não gosta não se estabelece. Ser feliz é que interessa!

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publicado às 17:54

A DOR E O LUTO

A notícia da morte de Francisco Pinto Balsemão, aos 88 anos, em Lisboa, no dia 21 de outubro de 2025, deixou-me muito triste.

Para mim, que me estreei no programa SEGREDOS, seis dias após a abertura da nova televisão, este será, o mais directo e tocante aspeto da sua vida. De facto, o lançamento do canal em 1992, abriria novas vias para a televisão, desta vez privada, em Portugal.

Balsemão foi, também, uma figura central na política portuguesa, como deputado da Ala Liberal e um dos três fundadores do PPD. Entre1981 e1983 seria primeiro-ministro. Tornar-se-ia ainda mais influente na área dos media, quando decidiu fundar o jornal Expresso e o canal privado SIC.

Embora nem sempre tivesse apreciado facetas do entretenimento e da informação prestadas até hoje, é inegável o seu legado que, aliás, se deixa ver nos muitos momentos de televisão e de cultura popular em Portugal, que tomaram forma, sob a égide do novo canal.

Neste momento a minha tristeza é uma forma de homenagem a um homem que deixou uma marca indelével nos media, na democracia portuguesa e nos muitos que, como eu, trabalharam ou se estrearam sob o seu impulso.

À viúva e aos seus filhos, as últimas palavras de agradecimento, pelo que, em vida, pessoal e profissionalmente, Francisco Balsemão me proporcionou. Que descanse em paz.

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publicado às 13:58

FUGIR AO QUOTIDIANO

Há dias em que o peso das rotinas parece maior do que devia ser. O despertador toca, o trânsito repete-se, as conversas soam iguais, e tudo se mistura num ciclo previsível, quase automático. É nesses momentos que nasce a vontade de fugir - não necessariamente de um lugar, mas de uma sensação. A vontade de respirar ar novo, de ver rostos desconhecidos, de sentir que o tempo pode ser vivido de outra forma.

Fugir ao quotidiano é um impulso de liberdade. É o desejo de romper com a ordem, com os compromissos que nos definem, com as obrigações que nos moldam. Não se trata de rejeitar a vida que temos, mas de lembrar que há outras formas de existir. Uma viagem improvisada, um passeio sem destino, uma tarde de silêncio - pequenos gestos que nos fazem recuperar o sentido de estar vivos.

Talvez o que realmente procuramos ao fugir não seja a distância, mas o reencontro. Reencontro com a curiosidade, com o espanto, com aquilo que o hábito nos fez esquecer. E quando voltamos - porque sempre voltamos - trazemos connosco um pouco dessa liberdade que nos renova e dá novo significado aos dias comuns!

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publicado às 18:25

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