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Helena Sacadura Cabral

Helena Sacadura Cabral

Porque é que hoje não há heróis?

Vivemos num tempo em que a palavra “herói” perdeu o brilho de outrora. Antigamente, os heróis eram figuras quase míticas, moldadas por atos de coragem, altruísmo e sacrifício. Eram líderes, visionários, ou até simples desconhecidos que, em momentos decisivos, se erguiam acima do comum. Hoje, porém, os heróis parecem ter desaparecido, ou, pelo menos, deixado de ser reconhecidos como tal.

Mas será que realmente deixaram de existir? Ou será que a nossa perceção mudou?

Na era digital, tudo é imediato, filtrado e, por vezes, distorcido. As qualidades heroicas, como humildade, resiliência silenciosa e compromisso com o bem comum, não geram "likes", nem se tornam virais. A fama é confundida com grandeza, e os feitos de muitos deles passam despercebidos. Os heróis de hoje não usam capas, nem espadas. Trabalham em silêncio, longe dos holofotes, muitas vezes invisíveis a um mundo lamentavelmente distraído.

Além disso, vivemos tempos de cinismo. A desconfiança nas instituições, o desencanto com os líderes e a constante exposição de falhas humanas, tornam difícil acreditar em figuras verdadeiramente heroicas. Espera-se a queda antes mesmo da ascensão. O pedestal foi substituído pela lupa.

Contudo, talvez a pergunta devesse ser outra: estamos a olhar nos sítios certos? Talvez os heróis estejam ao nosso lado — professores que moldam vidas, médicos que não desistem, pais e mães que fazem milagres com pouco, jovens que lutam por um futuro melhor. Talvez hoje o heroísmo não esteja na grandiosidade, mas na persistência do bem.

Portanto, talvez não seja verdade que hoje não haja heróis. Talvez tenhamos apenas esquecido ou alterado a forma como reconhecê-los. O que, pessoalmente, eu lamento, porque deixámos de ter à nossa volta figuras que nos inspirem a sermos melhores.

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publicado às 14:43

A NOVIDADE

Durante algumas semanas terminava os meus textos chamando a atenção para uma novidade que havia de aparecer. Pois bem, é chegado o momento de fazer a tal revelação. De que se trata? Da minha estreia na escrita infantil.
Toda a minha vida, adormeci os meus filhos e netos com histórias inventadas para a ocasião. Para o mais velho chegava mesmo a escrevê-las e atá-las como se fossem um livro, porque ele dizia que as queria ler sozinho aos amigos. E assim se tornou um contador de histórias com talento, melhorando as que eu escrevera.
Já o mais novo gostava de as repetir com desenhos seus, ilustrando assim, com 4 ou 5 anos tudo quanto eu lhe contara. Eram belos desenhos que iam crescendo com ele. Mais tarde gostava de dar cor e vida às criações do irmão. Durou assim, bastante tempo, a editora caseira Portas & Cabral, como eu lhe chamava.
Chegada a esta bela idade e sem bisnetos, a Graça Dimas desafiou-me a voltar ao principio, mas com o olhar da bisavó do século XXI. Na altura achei graça à lembrança e fui ao baú buscar dois contos que lhe enviei. Ela quis começar pelo que era para os mais novinhos. E assim nasceu MÃOS PEQUENAS, CORAÇÃO GRANDE cuja capa vos apresento agora com a bela ilustração de Carolina Branco. A ida para as livrarias será em meados de Abril. Confesso-vos, ando cheia de uma alegria antecipada!

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publicado às 15:36

A Beleza que Vai Além do Olhar

Vivemos numa era em que somos constantemente bombardeados com imagens idealizadas. As redes sociais vendem-nos uma imagem de beleza plastificada, incessantemente comparável, mas quase sempre inatingível. E, nesse processo, esquecemo-nos de olhar ao nosso redor — e dentro de nós — para reconhecer as belezas que não cabem em fotografias: a paciência, o afeto, a empatia, a resistência.

A beleza não é apenas aquilo que os olhos capturam num instante. Ela existe no detalhe silencioso, no gesto espontâneo, na maneira como alguém escuta com o coração. Embora, muitas vezes, seja confundida com o que brilha por fora, a verdadeira beleza tem raízes profundas — cresce nas atitudes, floresce nas palavras e revela-se, sobretudo, na autenticidade.

Há beleza num sorriso tímido, em rugas que contam histórias, em cicatrizes que carregam coragem. Existe beleza em quem erra, aprende e continua. Ela vive no amanhecer silencioso, no vento que dança com as folhas, na voz que consola — tudo isso é a beleza que o tempo não apaga.

Ser belo é ser inteiro, mesmo com falhas. É acolher a própria essência e enxergar valor onde muitos só veem o superficial. A beleza mais real é aquela que, ao invés de chamar atenção, toca profundamente o coração.

Por isso, talvez a beleza não seja algo que se tem, mas algo que se percebe. Algo que se cultiva mais do que se exibe. Um jeito de estar no mundo com delicadeza, de enxergar com sensibilidade, de viver com presença. Porque, no fim, a beleza mais verdadeira é aquela que desperta vida dentro de nós.

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publicado às 18:17

SOLIDÃO SONORA

Há um tipo de silêncio que não é vazio, mas denso, cheio de ecos que sussurram ao coração. Uma solidão sonora, onde cada ausência ressoa em ondas invisíveis, onde o tempo desacelera e a alma se escuta.

É na quietude que os pensamentos ganham volume. O barulho do próprio respirar torna-se companhia, o pulsar do sangue nas veias soa como um tambor distante. A mente percorre memórias, revive diálogos que nunca aconteceram, revisita despedidas que ainda doem.

Às vezes, essa solidão surge como um alívio. Um refúgio onde não há vozes a contradizer, nem expectativas a pesar sobre os ombros. Outras vezes, é um labirinto sem saída, onde cada passo ecoa e volta para nos lembrar do vazio em redor.

Mas mesmo na solidão, reparem, há melodia. No vento que atravessa a janela, nas gotas de chuva que ritmam a madrugada, no ranger discreto dos móveis quando a casa respira. A solidão não é o silêncio absoluto, mas a sinfonia do que ficou.

E talvez, no fundo, seja isso: a solidão sonora não é ausência. É a presença de tudo que um dia nos preencheu e que, agora, se manifesta como lembrança, como eco, como música suave tocando dentro de nós.

Em breve uma grande novidade!

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publicado às 11:41

Eles nunca ficam sozinhos!

É frequente ver homens, que após um divórcio ficam sozinhos, refazerem a vida mais rapidamente do que as mulheres. Não porque superem mais rápido, mas porque têm uma necessidade, quase instintiva, de preencher o vazio que a separação deixa. Para muitos, a solidão não é um lugar de refúgio ou crescimento, mas um território desconhecido e desconfortável. Durante anos estiveram acostumados a ter alguém ao lado – uma presença no sofá, uma voz no fim do dia, uma rotina compartilhada. Quando tudo isso desaparece, o silêncio pode ser ensurdecedor. E, para escapar desse vazio, buscam companhia, mesmo que ainda estejam em pedaços por dentro.

Diferentes das mulheres - que muitas vezes vivem o luto do relacionamento com intensidade, mergulham na dor e renascem mais fortes -, eles tendem a fugir desse enfrentamento. Não foram ensinados a lidar com a vulnerabilidade. Desde cedo, aprenderam a ser fortes, a seguir em frente, a não demonstrar fragilidade. Então, em vez de se permitirem sentir, procuram distrair –se. E, muitas vezes, a maneira mais fácil de fazer isso, é através de um novo relacionamento.

Não é que a ex-esposa seja esquecida rapidamente, ou que o amor desapareça do dia para a noite. Mas a necessidade de pertencimento, de estar com alguém, de reconstruir a rotina, fala mais alto. O novo relacionamento pode ser um reflexo disso – não necessariamente um recomeço verdadeiro -, mas um alívio momentâneo para a dor da ausência.

No fundo, a rapidez com que refazem a vida pode ser apenas uma tentativa de provar a si mesmos que continuam no controle, que ainda são desejáveis, que podem seguir adiante sem se perderem na solidão. Mas o coração tem o seu próprio tempo. E, mais cedo ou mais tarde, as emoções não resolvidas, sempre encontram um jeito de se fazer ouvir.

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publicado às 22:07

O que é o sucesso?

Sucesso é um conceito escorregadio, quase intangível. Por muito tempo, fomos levados a acreditar que ele se mede por números, por títulos, por uma coleção de feitos que possam ser exibidos e reconhecidos. Mas, no silêncio da noite, quando a plateia se dispersa e os holofotes se apagam, o que resta?

O verdadeiro sucesso não é um troféu exposto na estante, nem uma linha reluzente no currículo. Ele é um sentimento que floresce de dentro, uma paz que se instala quando estamos alinhados com aquilo que realmente somos. Sucesso é acordar e sentir que a vida faz sentido — não porque alguém disse que faz, mas porque, ao olhar para o caminho trilhado, nos reconhecemos, mesmo, nele.

A armadilha do sucesso convencional é que ele sempre está um passo à frente, sempre no próximo objetivo, na próxima conquista. Ele promete felicidade, mas a mantém distante, como uma miragem que recua a cada avanço. E, no entanto, há um tipo de sucesso que não exige corrida. Ele não está na chegada, mas no presente. Está na forma como vivemos cada dia, na coragem de escolher o que ressoa com nossa verdade, na capacidade de se sentir inteiro, mesmo em meio às incertezas.

Talvez sucesso seja apenas isso: um estado de presença e autenticidade. A liberdade de ser quem se é, sem máscaras, sem a necessidade de provar nada a ninguém. Sucesso é poder fechar os olhos à noite e sentir, no fundo da alma, que pertencemos à própria vida que construímos. E que, independentemente dos altos e baixos, viver tem valido a pena!

Em breve uma grande novidade!

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publicado às 18:26

VALORES

Os valores da sociedade atual estão espalhados e, muitas vezes, fragmentados entre diferentes grupos e perspetivas. Algumas pessoas ainda prezam princípios como empatia, solidariedade e justiça social, enquanto outros priorizam o sucesso individual, status e consumo.

Com a influência das redes sociais e da globalização, parece que valores como autenticidade e bem-estar mental, estão ganhando mais espaço, enquanto há um embate constante entre tradição e modernidade.

Será que os verdadeiros valores do ser e não do ter estarão a perder-se? Sim. Parece que os valores do ser – como empatia, honestidade, humildade e autenticidade – estão sendo cada vez mais sufocados pelos valores do ter, como status, riqueza e poder. A sociedade de consumo incentiva a busca incessante por bens materiais e validação externa, enquanto o cultivo do caráter e da essência humana ficam em segundo plano.

Há muitos indivíduos que se sentem pressionados a exibir as suas conquistas nas redes sociais, como se a felicidade e o valor pessoal, fossem medidos por posses e reconhecimento virtual. Isso enfraquece a busca pelo autoconhecimento, pelo equilíbrio emocional e pelos laços humanos genuínos.

Por outro lado, há quem resista a essa tendência, valorizando a simplicidade, o minimalismo e a espiritualidade. Haverá ainda espaço para resgatar os valores do ser na sociedade de hoje? Creio que virão outros cada vez menos válidos pois, o que parece, é que estamos a caminhar para uma inversão de valores, onde os princípios do ser vão sendo substituídos por valores cada vez mais superficiais e descartáveis. A busca pelo imediato, pela aparência e pelo individualismo tende a ofuscar a profundidade das relações humanas e da própria existência.

Se continuarmos neste ritmo, os valores que surgirão poderão ser ainda mais distantes da essência humana, privilegiando apenas aquilo que traz lucro, status ou validação social. A empatia pode ser trocada pela conveniência, a verdade pela narrativa que melhor vende, e a autenticidade pela imagem construída para agradar os outros.

Mas será que isto é inevitável? Ou ainda há formas de resistir e resgatar os valores verdadeiros? O que lhe parece caro leitor

Em breve uma grande novidade!

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publicado às 19:33

MEMÓRIA: O Tempo Guardado

A memória é um lugar sem mapas, onde os instantes se dissolvem e se refazem ao toque do pensamento. Ela não segue regras, não obedece a lógicas lineares. É uma gaveta desorganizada, onde um cheiro pode abrir portas que julgávamos trancadas, onde uma música pode nos transportar para um tempo que já não nos pertence, mas que, de alguma forma, ainda nos habita.

Há lembranças que chegam suaves, como brisa de fim de tarde, e outras que explodem dentro de nós sem aviso, rearranjando tudo o que acreditávamos ser estável. Algumas, escolhemos guardar com carinho, como quem dobra cartas antigas e as esconde no fundo de uma caixa. Outras, gostaríamos de esquecer, mas insistem em nos acompanhar, sussurrando suas histórias no silêncio da noite.

A memória não é só o que ficou. É também o que reinventamos, o que vestimos de outras cores para que o passado se torne suportável, para que possamos seguir em frente sem o peso esmagador do que foi. Ela é moldável, feita tanto do real quanto do que imaginamos, um mosaico de sensações, afetos e lacunas.

E, no fim, somos feitos dela. Dos dias que guardamos, das pessoas que se tornaram parte de nós, das palavras que ecoam mesmo depois do tempo as levar. A memória é o que nos ancora e, ao mesmo tempo, nos permite voar – porque é nela que mora tudo o que já fomos e tudo o que ainda somos.

Em breve uma grande novidade!

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publicado às 19:40

ENTRE DOIS MUNDOS

Os filhos não deveriam ter de escolher entre pai e mãe. Mas, às vezes, a vida costura os seus caminhos de forma desigual, e o coração pesa mais para um lado do que para o outro.

Não é uma decisão consciente, não é um cálculo frio. É um processo subtil, quase impercetível. Um afastamento que começa em silêncios prolongados, ligações que se tornam raras, mensagens vistas e não respondidas. A criança que antes pertencia a dois mundos passa a habitar apenas um. E, no outro, fica o eco de um amor que ainda existe, mas que não sabe mais como se fazer presente.

Há tantas razões, algumas ditas, outras apenas sentidas. Às vezes, é porque um abraço ofereceu mais colo nos dias difíceis. Outras vezes, é porque a dor de uma separação construiu muros invisíveis. Nestes casos a dor é maior quando o escolhido foi justamente aquele que menos deu. Pode ser por influência, pode ser por ressentimento. Pode ser apenas o rumo natural de um amor que, ao invés de se dividir, parece precisar de se escolher.

Para quem fica, há sempre uma ausência gritante. O amor não desaparece, mas torna-se uma saudade incómoda, um espaço vazio à mesa do jantar, uma vontade de pegar no telefone e perguntar: “Estás             bem?”. Mas a pergunta fica presa, porque o medo da resposta – ou da falta dela – também pesa.

Para quem vai, há o alívio de um pertencimento, de um lado escolhido, de uma segurança emocional. Mas, no fundo, também há um luto silencioso. Porque mesmo quando se opta por um caminho, existe sempre uma lembrança do outro.

O tempo pode curar, pode trazer de volta os passos perdidos. Mas, enquanto isso, o coração daqueles que amam segue esperando, em silêncio, sem culpas, sem cobranças, apenas com a porta entreaberta – para quando possa ser a hora de voltar.

Em breve uma grande novidade!

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publicado às 15:57

Diálogo e Opinião: A Essência da Comunicação

(Dedicado a políticos e comentadores)

O diálogo é um dos pilares fundamentais da comunicação humana. Ele permite a troca de ideias, o compartilhamento de informações e a construção de conhecimento coletivo. No entanto, para que o diálogo seja efetivo, é essencial que haja respeito pelas diferentes opiniões e disposição para ouvir o outro.

Opinião é a manifestação do pensamento individual sobre determinado assunto. Cada pessoa forma as suas convicções a partir de experiências pessoais, valores culturais e acesso à informação. Por isso, as opiniões podem ser diversas e, muitas vezes, conflituantes. No entanto, é exatamente essa diversidade que enriquece as discussões e promove a aprendizagem.

Para que um diálogo seja produtivo, é necessário que os participantes pratiquem a escuta ativa, evitando interrupções e julgamentos precipitados. Além disso, argumentar com respeito e com fundamento fortalece o debate e evita que a conversa se transforme num simples embate de ideias, sem qualquer propósito construtivo.

No ambiente social e político - especialmente aquele que vivemos agora -, o respeito pelo diálogo e opiniões divergentes é essencial para a democracia. A pluralidade de ideias permite que diferentes perspetivas sejam analisadas, favorecendo a tomada de decisões mais justas e equilibradas.

Portanto, cultivar o diálogo respeitoso e valorizar a diversidade de opiniões são atitudes fundamentais para o crescimento individual e coletivo.  Num mundo cada vez mais conectado, saber ouvir, refletir e argumentar, são qualidades essenciais para construir relações saudáveis e sociedades mais harmoniosas. Apenas por meio de um diálogo aberto e construtivo é possível superar desafios, resolver conflitos e avançar como sociedade.

É disto - ouvir e dialogar - que Portugal e os portugueses, mais precisamos neste momento!

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publicado às 19:12

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