Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Helena Sacadura Cabral

Helena Sacadura Cabral

FICA PARA AMANHÃ

 

                      Campsola rosa.jpg

Num mundo onde o tempo parece escorrer entre os dedos como areia fina, onde as horas se desfazem em instantes e os dias se tornam apenas lembranças fugazes, há algo mágico no simples ato de adiar o princípio para o amanhã.

É como se, ao dizer "fica para amanhã", estivéssemos depositando nossas esperanças e sonhos  numa caixinha de promessas, lacrada com a promessa do amanhã. É um convite ao adiamento da realidade, uma pausa gentil no compasso frenético da vida.

Fica para amanhã, dizemos, quando o peso do hoje se torna demasiado. Fica para amanhã, quando a luz do sol já se pôs e a mente busca refúgio na escuridão reconfortante da noite. Fica para amanhã, quando a energia parece escassear e os músculos clamam por descanso.

Mas há também uma armadilha na promessa do amanhã. Uma sedução perigosa que nos faz acreditar que o tempo está sempre do nosso lado, que amanhã será mais fácil, mais propício, mais gentil. E assim, deixamos escapar pelas mãos preciosos momentos que nunca mais retornarão.

No entanto, apesar dos riscos, há uma beleza na simplicidade do princípio que fica para amanhã. É a promessa de um novo começo, de uma segunda chance, de um horizonte repleto de possibilidades. É o reconhecimento de que somos seres em constante movimento, sempre buscando evoluir, sempre buscando crescer.

Então, que o princípio que fica para amanhã seja mais do que uma desculpa para a procrastinação. Que seja, antes, um lembrete gentil de que o tempo é um presente precioso, e cabe a nós decidir como queremos utilizá-lo. Que seja um convite para viver com intensidade o hoje, sabendo que o amanhã sempre estará lá, esperando por nós, cheio de promessas e possibilidades.

publicado às 14:04

SABER QUEM SOMOS

 

                             HELENA 1.jpg

As pessoas julgam-se diferentes do que são por vários motivos. Um deles é a influência da sociedade, dos media e da cultura, que criam padrões de beleza, sucesso, felicidade e moralidade que nem sempre correspondem à realidade ou à diversidade humana. Assim, muitas pessoas ao comparam-se com esses padrões, sentem inferiores, insatisfeitas ou culpadas por não se encaixarem neles.

Outro motivo é a falta de autoconhecimento e autoaceitação, que faz com que as pessoas não reconheçam suas qualidades, defeitos, potenciais e limitações. Muitas vezes, as pessoas projetam nos outros aquilo que elas não gostam ou não aceitam em si mesmas, ou idealizam os outros como sendo melhores ou piores do que realmente são. Isso gera distorções na perceção de si mesmo e dos outros, e dificulta o desenvolvimento de uma autoestima saudável e de uma convivência harmoniosa.

Um terceiro motivo é a insegurança e o medo, que levam as pessoas a esconderem-se atrás de máscaras, mentiras ou falsas aparências, para se protegerem de possíveis críticas, rejeições ou fracassos. As pessoas que se julgam diferentes do que são, muitas vezes, não se sentem confiantes ou confortáveis com a sua própria identidade, e tentam adaptar-se às expectativas alheias ou aos seus próprios desejos irrealistas. Isso impede que elas se expressem de forma autêntica e se relacionem de forma sincera.

Portanto, as pessoas se julgam diferentes do que são, por não conseguirem lidar com a complexidade e a singularidade do ser humano, e por não se permitirem ser quem elas realmente são. Para superar esse problema, é preciso buscar o autoconhecimento, a autoaceitação, a autoconfiança e a autenticidade, e respeitar-se a si próprio e aos outros, como seres humanos únicos e valiosos.

publicado às 18:43

O SUCESSO DE UM FRACASSO

 

                                                       HSC Caras - Cópia.jpeg

O sucesso é muitas vezes associado a resultados positivos e conquistas notáveis, mas há momentos em que o verdadeiro sucesso surge de situações que inicialmente parecem ser fracassos. A capacidade de transformar adversidades em oportunidades é uma habilidade valiosa que poucos dominam, mas que pode levar a conquistas significativas e crescimento pessoal.

O conceito de "sucesso de um fracasso" reflete a ideia de que, por trás de cada revés, existe a possibilidade de aprendizado, inovação e reinvenção. Muitas histórias de sucesso têm suas raízes em experiências que, à primeira vista, podem parecer desanimadoras, mas que, na realidade, foram catalisadoras para uma trajetória de êxito.

Um exemplo clássico é o de Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica. Edison enfrentou inúmeras tentativas e erros antes de finalmente criar uma lâmpada funcional. Quando questionado sobre seus muitos fracassos, ele respondeu: "Eu não falhei, apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionam". Esse mindset resiliente e a capacidade de aprender com cada tentativa malsucedida foram fundamentais para o sucesso final de Edison.

No mundo dos negócios, empresas bem-sucedidas muitas vezes enfrentam desafios significativos antes de atingir o auge. Empreendedores visionários compreendem que o fracasso não é o fim, mas sim uma etapa necessária no caminho para o sucesso. Lições valiosas são extraídas de experiências que não saíram como planeado, moldando estratégias futuras e fortalecendo a resiliência.

Além disso, o sucesso de um fracasso pode manifestar-se no desenvolvimento pessoal. Indivíduos que enfrentam contratempo muitas vezes descobrem uma força interior que não conheciam. A superação de desafios promove o crescimento, a autoconsciência e a capacidade de enfrentar adversidades com uma mentalidade mais madura e positiva.

Em última análise, o sucesso de um fracasso reside na capacidade de transformar obstáculos em trampolins para o progresso. É um lembrete poderoso de que a jornada para o sucesso é frequentemente caracterizada por altos e baixos, e é a resiliência e a capacidade de aprendizagem, que diferenciam aqueles que triunfam. Portanto, ao enfrentar um revés, é fundamental não apenas ver o fracasso como um obstáculo temporário, mas como uma oportunidade de crescimento e eventual conquista.

publicado às 14:20

CLIENTELISMO

                                                                    Com Goucha.JPG

O clientelismo é um fenómeno que afeta a qualidade da democracia e a eficiência das políticas públicas. Caracteriza-se pela relação desigual e personalista entre eleitores e representantes, baseada na troca de bens e serviços por apoio político. Essa troca pode ser implícita ou explícita, e envolve tanto benefícios materiais (como empregos, obras, cestas básicas) quanto imateriais (como proteção, prestígio, acesso a redes sociais).

Tem origem histórica na Roma antiga, onde os patrícios (classe dominante) concediam favores aos plebeus (classe subordinada) em troca de lealdade e serviços. Essa relação estabelecia-se através de um vínculo de amizade instrumental, chamado de clientela. Com o tempo, o clientelismo adaptou-se a diferentes contextos e sociedades, assumindo diversas formas e manifestações.

Com a urbanização, a industrialização, a expansão dos meios de comunicação e a ampliação dos direitos sociais, surgiram novos atores, demandas e recursos no cenário político. O clientelismo passou a basear-se mais em benefícios coletivos do que individuais, e a articular com outras formas de mobilização e participação política, como o populismo, o sindicalismo, os movimentos sociais, etc.

O clientelismo também se adaptou às mudanças institucionais e legais, como a adoção do voto secreto, a fiscalização eleitoral, a reforma administrativa, a descentralização, a transparência, etc. Essas medidas dificultaram, mas não eliminaram, as práticas clientelistas, que se tornaram mais sutis e sofisticadas. O clientelismo, hoje, manifesta-se, por exemplo, na distribuição seletiva de programas sociais, na alocação de emendas parlamentares, na nomeação de cargos públicos, na concessão de licenças e isenções, na formação de coalizões e alianças, etc.

O clientelismo é um problema para a democracia porque compromete a igualdade, a liberdade, a representatividade e a accountability dos cidadãos e dos políticos. O clientelismo também é um problema para o desenvolvimento porque ele reduz a eficácia, a eficiência, a equidade e a qualidade das políticas públicas. Por isso, é importante combater o clientelismo, fortalecendo as instituições, a sociedade civil, a educação política e a cultura cívica.

publicado às 19:09

SER OUTRO

 

                        HSC TV 6 - Cópia.jpg

No crepúsculo da realidade, quando as sombras dançam entre a luz ténue, emerge a possibilidade de ser outro. Não um mero disfarce ou uma máscara efémera, mas uma metamorfose profunda, uma transmutação da essência que nos define. A jornada de se perder para se encontrar, de mergulhar nas camadas mais profundas da própria identidade e emergir como uma obra-prima reimaginada.

Imagine-se um mundo onde cada indivíduo tem a capacidade de trocar de pele, não apenas trocar de roupas, mas de se despir da própria personalidade e habitar temporariamente o ser de outrem. Uma dança caleidoscópica de identidades, uma sinfonia de experiências entrelaçadas, onde o eu se dissolve para dar espaço a um eu plural, composto de fragmentos de outros.

Nesse universo de ser outro, não há julgamento, apenas uma aceitação incondicional da complexidade humana. Almas dançam entre corpos, experimentando a riqueza da diversidade de perspetivas. O tímido conhece a audácia do destemido, o artista descobre a lógica do cientista, e o amante sente as cicatrizes do solitário. Uma troca constante de histórias, de sonhos, de dores e alegrias.

Ser outro não é uma fuga da própria existência, mas um mergulho profundo na vastidão do ser. É entender que, por baixo das diferenças superficiais, todos compartilhamos uma humanidade comum. É descobrir que, ao vestir a pele de outro, podemos compreender melhor a dança intricada da vida.

Entretanto, com essa dádiva vem a responsabilidade. A consciência de que cada metamorfose deixa uma marca, uma impressão duradoura na teia interconectada da existência. Ser outro é uma arte delicada, uma dança equilibrada entre a preservação da própria essência e a absorção das nuances alheias.

Ao aventurar-nos no reino do ser outro, desvendamos a magia de se perder para se encontrar. Descobrimos que a verdadeira riqueza reside na diversidade, na capacidade de enxergar o mundo através de olhos diferentes. Em cada troca de pele, abraçamos a unicidade de cada jornada, construindo uma tapeçaria vibrante e intrincada de histórias entrelaçadas.

                          

publicado às 18:38

Mais sobre mim

imagem de perfil

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D